Thiago Flausino de 13 anos, morreu depois de ser baleado em uma operação na Cidade de DeusReprodução/Redes sociais
Para a decisão, a juíza Elizabeth Machado Louro analisou alguns depoimentos. Dentre eles, o do amigo da vítima, que presenciou o ocorrido. Segundo a testemunha, os dois estavam circulando na comunidade na motocicleta do pai de Thiago quando, em certo ponto, acabaram por perder o equilíbrio e cair. Ele narrou que, enquanto tentavam reerguer a motocicleta, foram surpreendidos com a aproximação de um carro descaracterizado, de onde os ocupantes saíram já disparando contra eles.
O rapaz contou que conseguiu fugir ao embarcar na garupa de um mototaxista e seguir em direção a sua casa, enquanto Thiago permaneceu caído no chão. O sobrevivente disse ainda que viu apenas o ocupante do banco do carona sair do carro, o qual teria disparado contra ele. No entanto, ele não conseguiu reconhecer o rosto de nenhum dos acusados.
Depoimento dos PMs
De acordo com as declarações dos PMs em seus interrogatórios, na noite dos fatos, havia uma operação na comunidade da Cidade de Deus para coibir a realização de um baile funk irregular. Eles alegaram que estariam utilizando o automóvel de Roni Cordeiro, atendendo a pedido de seus superiores para que pudessem operar dois drones, a fim de monitorar a região e identificar a melhor estratégia para que as equipes pudessem ar o interior da comunidade.
Em depoimento, eles disseram ainda que com o fim da operação com os drones, seguiram para um posto de combustível próximo à comunidade, onde os acusados se juntariam aos demais policiais envolvidos na operação, à exceção apenas de Roni, que estava à paisana e voltaria para o batalhão em seu próprio carro.
Enquanto eles aguardavam embarcados no veículo, a motocicleta das vítimas teria ado pelo posto de combustível, momento em que alegam terem visto Thiago portando uma arma. Os agentes afirmam que resolveram seguir as vítimas e quando elas caíram com a motocicleta, resolveram abordá-las. Na sequência, Aslan teria, então, descido do banco de trás, atrás do motorista, e ido em direção às vítimas para abordá-las, momento em que, segundo relato dos réus, teriam sido efetuados disparos contra a equipe.
De acordo com o interrogatório de Diego Leal, ele estava sentado no banco do carona e, ao ouvir os disparos, imediatamente desembarcou do carro e pôde ver Thiago atirando contra eles, confirmando que disparou contra ele nesse momento. Já Aslan confirmou que foi o primeiro a desembarcar, relatando que deu ordem de parada para as vítimas, mas que, nesse momento, Thiago teria atirado contra
ele, que revidou, efetuando dois disparos contra a vítima, embora não saiba dizer se foram
esses os tiros que o atingiram.
"A prova também evidenciou que, dos quatro acusados, apenas Diego e Aslan efetuaram disparos contra as vítimas, o que item os próprios réus, embora alegue que o fizeram em legítima defesa. Sendo assim, restou suficientemente indiciada a autoria quanto aos acusados Diego e Aslan, porém, não em relação a Silvio e Roni, o que, inclusive, faz com que o órgão da acusação requeira sejam eles impronunciados", diz um trecho da decisão.
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