Amorim esteve ao lado de parlamentares do PT, do PCdoB e do PSOL nesta quarta-feiraAgência Brasil
'A gente não pode se incomodar', diz assessor de Lula sobre acusação de 'antissemita'
Celso Amorim afirmou que ataques de Israel na Faixa de Gaza fazem parte da 'maior barbárie' que ele já assistiu em vida
O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou a deputados de esquerda que ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já foram chamados de antissemitas "várias vezes" e "não podem se incomodar com isso".
"As condenações (à postura do governo de Israel) têm sido claras e evidentes. O presidente e eu próprio já fomos acusados de antissemitas. Evidentemente a gente não pode se incomodar com isso. A gente faz o que a gente acha que é justo", disse Amorim.
Amorim esteve ao lado de parlamentares do PT, do PCdoB e do PSOL nesta quarta-feira, 11. O grupo pediu ao ex-chanceler o rompimento de relações diplomáticas e a denúncia de Israel frente a órgãos internacionais por crimes de guerra. Ele prometeu que o governo deverá anunciar uma reação, mas não disse qual seria.
Estiveram nesse grupo pelo menos 20 deputados - entre eles o ex-ministro da Comunicação Paulo Pimenta (RS), Maria do Rosário (PT-RS) e Natália Bonavides (PT-RN), que foram candidatas às prefeituras de Porto Alegre e Natal, respectivamente, em 2024.
Amorim disse que o rompimento de relações diplomáticas pode ser "prejudicial" ao Brasil. "É preciso levar em conta algo que não prejudique os próprios brasileiros e os próprios palestinos", afirmou.
Aos parlamentares, Amorim também disse que é preciso fazer a diferenciação "entre o povo judeu, ao qual nós devemos muito" ao Estado de Israel, "que bem ou mal foi reconhecido pela ONU".
A pressão dos congressistas pró-Palestina sobre o governo aumentou após Thiago Ávila - que fazia parte de um barco com ajuda humanitária rumo a Gaza, capitaneado pela ativista sueca Greta Thunberg - ser detido em Israel.
Aos parlamentares, Amorim também disse que os ataques de Israel na Faixa de Gaza fazem parte da "maior barbárie" que ele assistiu em vida.
"É a maior barbárie desde o momento em que estou vivo e consciente", afirmou. "O governo de Israel tem se comportado de uma maneira totalmente contrária, não só o que é moral e ético, que obviamente acontece, mas até a prática emocional."
O assessor especial de Lula também disse lamentar a aprovação do Senado Federal do dia da Amizade Brasil-Israel, feito de forma unânime, com apoio de senadores do PT, inclusive. "Lamentamos muito, por exemplo, que tenha havido agora a coincidência dessa amizade com Israel", afirmou Amorim. "São coisas que nos incomodam profundamente."
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