Arte coluna Padre Omar 24 maio 2025Arte Paulo Márcio
Lançada em 24 de maio de 2015, a Laudato Si’ tornou-se tornou uma referência global. Sua abordagem inovadora transcende os limites da Igreja e dialoga com toda a sociedade. A comemoração dos 10 anos do documento ganha ainda mais relevância em 2025, ano em que o Brasil sediará a COP 30. Trata-se de um momento histórico, especialmente diante dos desafios da emergência climática.
A Encíclica Laudato Si’ foi um marco do pontificado do Papa Francisco, ao propor uma visão ampla e urgente sobre o cuidado com a Casa Comum. É, sem dúvida, um documento profético, que dá voz ao grito da Terra — não apenas em sua urgência de escapar da destruição, mas também ao revelar a Criação como uma dádiva maravilhosa, um dom generoso do Criador.
O Papa Francisco falou com coragem sobre justiça social e não teve medo de tocar as feridas abertas do mundo. Sua voz ecoou nas periferias, lembrando que a crise ecológica é, ao mesmo tempo, uma crise social. Para ele, não pode haver justiça ambiental sem justiça para os mais vulneráveis.
O ritmo atual de consumo, desperdício e degradação ambiental superou os limites do planeta, tornando esse estilo de vida insustentável. Francisco denunciou também a "cultura do descarte", que atinge tanto os seres humanos excluídos quanto os bens materiais, rapidamente transformados em lixo. Infelizmente, ainda não fomos capazes de adotar um modelo circular de produção que assegure o uso equilibrado dos recursos não renováveis, modere o consumo e maximize a reutilização, a eficiência e a reciclagem.
A Laudato Si’ é profética também porque aponta novos horizontes: uma visão mais integrada e sustentável de mundo; uma relação mais profunda entre as questões sociais e ambientais; uma destinação mais justa dos bens comuns; uma prioridade maior às vidas vulneráveis; um novo estilo de vida — mais simples e menos consumista; a valorização dos pequenos gestos no cotidiano; e uma convivência mais respeitosa com todos os seres vivos.
Colocar a Laudato Si’ em prática é assumir um compromisso com a missão que cabe a todos nós, habitantes desta Casa Comum. Ao fazermos a nossa parte, estamos colaborando para a construção de um mundo mais justo, fraterno e ecologicamente sustentável.
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