Fogueira são uma das principais causas de queimaduras em épocas de festa juninaReprodução

Rio - Com a chegada do mês de junho, as tradicionais comemorações de São João, conhecidas como festas juninas, levam diversas pessoas para arraiás com comidas típicas, danças, fogueiras e fogos de artifício. No entanto, neste período, ocorre um aumento no número de queimados, acendendo o alerta sobre o manuseio do fogo.
Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), entre junho e agosto do ano ado, os hospitais da rede atenderam 356 pacientes com queimaduras graves. Ainda não há dados sobre este ano, mas a pasta destaca que o atendimento a vítimas cresce em 40% nesse período.
O aumento do número de atendimentos também é observado nas unidades estaduais. Entre os três meses com comemorações de festa junina, os hospitais receberam 169 vítimas de queimaduras, enquanto 168 pacientes foram registrados nos primeiros cinco meses de 2025. Além das emergências, a rede também conta com um Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) no Hospital de Traumatologia e Ortopedia Vereador Melchiades Calazans, também conhecido como HTO Baixada, em Nilópolis. O setor tem nove leitos para atendimento de casos mais graves. 
A médica Carolina Junqueira, chefe do CTQ do Hospital Pedro II, localizado em Santa Cruz, na Zona Oeste, explica que as principais causas dos ferimentos são o manuseio incorreto de fogos de artifício e fogueiras, além do preparo das comidas. O perfil dos pacientes da unidade chama atenção, pois cerca de 65% são crianças e adolescentes de 5 a 14 anos. 
"Ocorre um acréscimo sazonal entre 30% a 40% nos atendimentos, resultando numa sobrecarga para a unidade e o setor de emergência. Uma vez que a vítima deste acidente dá entrada na unidade, o cirurgião plástico vai avaliar o ferimento e decidir se interna ou não, a depender do quadro. A equipe faz o curativo e a as devidas orientações para cuidados em casa, quando não há necessidade de internação", destacou.
Orido Pinheiro, chefe do serviço de cirurgia plástica reparadora e do CTQ do Hospital do Andaraí, na Zona Norte, ressalta que a melhor forma de combate rápido a queimaduras é colocar um pano com água fria na lesão.
"O adulto esquece que não deve utilizar álcool para estimular uma fogueira ou para qualquer outra atividade relacionada a fogo. São condições muito graves e, se acontecer, devemos fazer compressas de água fria para minimizar. Pegue um pano para aliviar a dor e encaminhe a pessoa para um serviço de emergência", disse.
O médico ainda alerta sobre o cuidado com crianças, que estão em férias escolares durante esse período do ano. "São muito inocentes e não tem a menor noção do perigo. A criança não tem ideia que pode se queimar e, quando se queima, é um problema muito sério. Primeiro pela dor e segundo pelas sequelas que podem acontecer se essa queimadura não for tratada convenientemente. Então, evitem que elas se aproximem de fogueiras, fogos de artifícios e de balões."
A prática de soltar balões é considerada crime ambiental. Quem for flagrado fabricando, vendendo, soltando ou transportando balões pode ser condenado a pagamento de multa ou pena de um a três anos de prisão.
O cirurgião plástico José Estevam, coordenador médico do CTQ no HTO Baixada, também reforça os cuidados necessários para a preparação das comidas durante as festas, como óleos para fritura, caldos e líquidos quentes.
"Quem trabalha em cozinha deve tomar muito cuidado nos preparos, principalmente com crianças no colo e/ou evitando que elas tenham o ao local. Também é importante evitar toalhas de mesa compridas, pois as crianças podem puxá-la e derramar o líquido quente sobre elas", pontuou.
Mitos
Neste período, os mitos sobre o tratamento de queimadura, como o uso de pasta de dente nas lesões, ficam em evidencia. Contudo, qualquer intervenção pode ser prejudicial ao ferimento.
"Às vezes ouvimos receitas caseiras para tratar as queimaduras, mas é preciso ter muito cuidado com isso. Não é recomendado ar pasta de dente, manteiga, café, nem nada do tipo na região da lesão. O uso desses produtos pode prejudicar o local. Em caso de queimadura, o mais indicado é manter o local resfriado, pode ser com um pano úmido, e procurar atendimento numa unidade de saúde", explica a cirurgiã plástica Irene Daher, chefe do CTQ do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.
A SMS conta com três Centros de Tratamento de Queimados (CTQ). Porém, a pasta garante que todas as unidades de urgência e emergência da rede municipal podem dar o primeiro atendimento para casos de queimaduras, transferindo o paciente para os hospitais de referência, quando necessário. Para casos de menor gravidade, as unidades de Atenção Primária (centros municipais de saúde e clínicas da família) também estão aptas a realizar o atendimento.